Bee Girl

sexta-feira, abril 21, 2006

Resumo dos últimos dias

De uns tempos pra cá, decidi que iria escrever um livro. Não sei bem ao certo porque me veio essa idéia na cabeça. Mas ela amadureceu, logo após ter assistido uma palestra de uma Mulher, escritora e colunista da Folha de São Paulo, Danuza Leão.
Uma coisa que ela disse bateu de frente ao que precisava para me encojarar: “escrevam todos os dias sobre sua vida, o que você fez, o que aconteceu com você, pois isso pode ser útil um dia”. Logo percebi que é verdade. Seria legal deixar alguma coisa escrita para meus filhos. Um dia eles vão ler tudo isso e verão o que eu sentia, o que eu desejava, quais eram os meus sonhos, meus objetivos, meus medos... Enfim um tesouro!
Às vezes por falta de tempo, e às vezes até por preguiça, eu vou deixar de escrever alguns dias.

Ontem, 14 de abril, foi sexta-feira Santa. Nos reunimos (eu, meu irmão, meu pai e minha mãe) e fomos procurar apartamento. Sim, desde que me conheço por gente, minha mãe, em um dia como esse, prepara para o almoço, uma bacalhoada ou um peixe assado, devido ao jejum, tradicional para os católicos. Achei estranho, e até comentei isso com ela.
Estava feliz e animada com uma possibilidade que havia aparecido no bairro da Aclimação. Um bairro diferente do que estávamos procurando, mas que até agora, havia dado as melhores oportunidades de fechar negócio. Para achar a tal da rua foi um sacrifício e finalmente quando encontramos, nos deparamos com um prédio mal acabado em um beco, onde só havia pobreza, pode-se até dizer que era pior do que o local onde estamos morando atualmente. Na detestável Itaquera. E eu pensava que isso era impossível. Fiquei decepcionada. Eu queria acreditar, que por ser uma sexta-feira Santa, algo de diferente pudesse acontecer. Mas Deus sempre sabe o que faz! E não reclamo que os sinais tenham aparecido antes de um possível acordo. Seria bem pior com certeza.
O lugar era rodeado por pequenas casas, pessoas humildes, havia até um sofá no meio da rua! Meu pai ficou sabendo desse empreendimento através de um anúncio no jornal Diário de São Paulo, que ele costuma comprar todos os domingos, por ter um pouco mais de conteúdo que o Agora São Paulo e ser um pouco mais barato que a Folha de São Paulo. O anúncio dizia, que era uma construção nova, apartamentos prontos para morar, com área de lazer e solarium! Com preços a partir de R$90.000... no bairro da Aclimação, perto do Parque... que maravilha!, pensamos! E Aclimação fica perto de tudo, perto do meu trabalho, do trabalho do meu pai, da faculdade de tudo. Seria uma forma de sairmos de Itaquera e chegarmos mais perto de Santana. Seria uma ótima solução. Mas, que decepção! Preferimos ir embora. Quanto ao anúncio no Diário de São Paulo? Perca de credibilidade. Como uma empresa jornalística divulga uma propaganda enganosa. O prédio novo era um prédio velho, reformado com muito desleixo, provavelmente por algum picareta querendo lucrar, às custas do dinheiro conquistado com muito esforço, de pessoas como meu pai. Sai pra lá jaburu!
Deixando as coisas ruins de lado... Fomos almoçar no Restaurante Polar. O lugar que freqüento há tantos anos continua o mesmo. E lá eu me sinto em casa. Nada de clichês, luxo, frescura e regrinhas de etiqueta. Conheço os donos, da famosa padaria da esquina, aquela na esquina da voluntários, sabe? É assim que se referem ao meu restaurante favorito.
O garçom sempre simpático, que trabalha com amor e que todas às vezes me chama de linda! Quem vê pensa... (rs). O Seu Nelson e seu famoso café. Enfim aquele lugar tem um significado todo especial para minha família. Foi nesse lugar que meu pai e minha mãe se encontraram a primeira vez para comer uma pizza portuguesa. Era lá que íamos todos os domingos almoçar “fora”. E foi lá que meu pai sofreu o segundo infarto. Que seja o segundo e último. O Restaurante Polar ganhará um capítulo à parte nesse livro com certeza.
Mas agora vamos voltar ao nosso almoço de sexta-feira Santa que foi maravilho. Um pintado na brasa com arroz à grega que estava divino, além de um PF (prato feito) pedido por mim (arroz, maionese e peixe a milanesa) que estava igualmente divino, apesar de simples. É assim que tudo faz sentido na vida. É tudo que quero. Tudo que amo. Simplicidade.
Após o almoço, começamos nossa Via Crucis novamente em busca de apartamento na Zona Norte, mais uma vez, anotamos telefones, sites, enchemos a paciência dos porteiros pedindo informação, essas coisas que estamos ficando craques em fazer. Não resistimos. Fomos ao Mandaqui visitarmos o nosso tão desejado apartamento. O nosso sonho se resume naquele apartamento. Meu irmão que ainda não havia visto adorou. Nós adoramos. E de pensar que meus pais haviam visto aquele apartamento quando ele estava em fase final de acabamento. E dois anos depois, ainda existem apartamentos a venda. Queremos acreditar que um deles possa ser nosso. Para enfim, nosso sonho de tantos anos se tornar realidade.
Eu acredito nisso. Eu acredito em Deus. Por falar em Deus fomos até a Igreja de Santana. Quando entrei lá algo me emocionei profundamente. Nem sei explicar. Meus olhos encheram de lágrima. E eu só olhava pra imagem de Cristo e da Nossa Senhora das Graças, minha querida mãe. Me imaginei entrando na igreja vestida de noiva, ao lado do meu pai. E olhei pro altar e lembrei do Fabio. Quantas vezes sonhei estar casando com ele naquela igreja e quantas vezes eu pedi a minha mãe que iluminasse nossos caminhos, a fim de que isso realmente acontecesse. Eu o amava profundamente. Como nunca amei ninguém. Mas nossa historia simplesmente não aconteceu. E nossos caminhos foram traçados cada um para um lado. E eu me lembro dele às vezes. E eu sonho com eles às vezes. Estranho. Mas às vezes, eu sinto saudades dele. Um amor eterno.

15 de abril de 2006

Um sábado comum. Nada de novidades. Nada que posso dizer de relevante. Apenas uma tristeza incessante. Tive vontade de chorar várias vezes. Estava impaciente e com um peso nas costas que me puxava pra baixo. Queria ir embora pra casa. Estava no shopping e toda aquela confusão me irritava e me deprimia mais. Às vezes acho que não bato bem da cabeça. Ou sinto que sou muito diferente de todo mundo. Eu não me entendo às vezes ou quase sempre.

16 de abril de 2006

Domingo de Páscoa. Logo que levantei fui pra cozinha e tomei um café preparado com amor pelo meu pai. Queria limpar a casa logo. Queria descansar. Mas de repente me deu uma vontade de mexer em papeis. Aí comecei a organizar minha amada biblioteca. Mas achei tanta coisa inútil. Que comecei a separar tudo pra jogar fora. Terminei de limpar a casa bem tarde. Porém a sensação de missão cumprida foi ótima. Ajudei a mamãe fazer o almoço. Limpando casa, fazendo almoço e assistindo o Filme Maria – mãe do filho de Deus. Chorei assistindo a parte da ressurreição de Cristo. Nessas horas eu penso aonde irá parar a humanidade. Que os valores de hoje – são resumidos em cifras... e cifras. A humildade e dignidade são palavras pouco utilizadas em um mundo, que só se importa com status e fama. Nada além disso. É triste. Eu não quero estar mais aqui pra testemunhar o fim.
Domingo me dá tristeza. Por que o dia seguinte se resume em um dia árduo de trabalho. E de nervoso também. Sei que não posso ser egoísta e reclamar do meu emprego, pois esta difícil, mas às vezes penso em jogar tudo pro alto. Só não faço isso por causa da minha faculdade. E porque tenho sonhos muito maiores que quero conquistar e tenho consciência que se não for com esforço, não vou conseguir. Amanhã é um novo dia. E esperança é a ultima que morre.