Bee Girl

domingo, maio 28, 2006

Memórias do meu Casulo

Escrevi a história Memórias do meu Casulo para minha mãe. Deveria ter sido entregue no dia das Mães. Mas como nem sempre as coisas acontecem como planejamos, ele foi entregue quando ela chegou de viagem. Queria ter visto a reação dela ao ler, mas não tive a oportunidade, pois, estava trabalhando quando ela chegou e abriu os presentes. De qualquer forma, pude imaginar a emoção dela. Particularmente, eu adoraria receber um texto como esse de um filho meu.

Minha primeira história. Espero que essa seja a primeira de muitas. Que Deus abençoe meus pensamentos para que eu possa sempre ter criatividade e vontade de escrever.
(Esse texto foi redigido em um dia frio, no banco de trás do carro indo para Santana. No discman tocavam músicas como Betterman, Yellow Ledbetter, In my Tree, Parachutes, entre tantas outras coisas mais que inspiradoras do Pearl Jam)

See Ya! ;)

Memórias do meu casulo

Estava passeando entre flores e arvoredos em um dia de céu claro que deixavam as nuvens formarem grandes desenhos no infinito. Pareciam grandes cães, gatos e passarinhos flutuando na imensidão. Estava tão perto que eu tinha a sensação que se eu subisse a montanha poderia alcançar o céu. Neste momento, o famoso Anjinho Gabriel veio ao meu encontro. Ele veio me dizer que estava na hora de ir embora e a viagem iria começar dentro de alguns dias. Mas eu queria saber para onde eu iria. Então, ele me pegou pelas mãos e me levou até o lugar aonde eu iria me hospedar por um longo tempo. Vi um homem e uma mulher muito felizes. Adorei os dois. Fiquei muito empolgada com a viagem. Então comecei a me preparar. Mas não tive muito tempo.
Certa noite acordei e me encontrei em uma bolha cheia de água. Eu estava flutuando! Hum, que sensação boa. Me sentia segura e amada. Mas não conseguia descobrir onde eu estava realmente. Eu só conseguia ouvir uma mulher conversando comigo. Era estranho. Eu ouvia, mas não conseguia responder. Depois de um tempo eu sentia que ela fazia carinho em mim. Eu já estava crescendo. Já via minhas mãozinhas e meus pezinhos. E eu já estava ficando gordinha Eu adorava me mexer dentro da bolha de água. Era divertido! Eu chutava bastante quando sentia cócegas. Coitada da mulher. Para ser sincera, eu fazia pra chamar a atenção. Mas sabe que nem precisava. A mulher sempre me tratava com carinho e amor. De repente, eu pensei em chamar essa mulher de Mamãe. Sempre que sentia medo ou dor eu chamava por ela, como mamãe. E ela me ouvia sempre. E me acalmava com um carinho e uma palavra doce.
Eu adorava o meu lar, o meu casulo. Era tão quentinho. Era bom flutuar. E como era bom. Não sei bem ao certo quanto tempo se passou, quando o Anjinho Gabriel veio me encontrar novamente. Ele me disse que a hora estava chegando. Era hora de sair do casulo. Eu fiquei com medo. Muito medo. Mas o Anjinho Gabriel me assegurou que seria muito bom descobrir o mundo. Fiquei mais tranqüila, quando ele me disse que Papai do Céu e Mamãe do Céu estariam ao meu lado. Finalmente, o dia chegou. Foi tudo muito rápido. De repente a água do meu casulo estava diminuindo. Eu comecei a chorar. Quando percebi, já estava no mundo. E de cabeça pra baixo! Chorei de susto. E ainda por cima estavam me dando tapinhas no bumbum. Aí eu chorei mais ainda. Mas quando virei meus olhinhos de lado eu vi a Mamãe. Como ela era linda. Eu me apaixonei por ela. Como no meu casulo, mas desta vez nos braços dela, eu me senti segura e amada, com o mesmo calor de antes. Aí eu parei de chorar. Até que foi legal sair do casulo. Estava cansada de ficar flutuando o dia inteiro. O mundo aqui fora é radical!