Bee Girl

domingo, julho 30, 2006

Eterno!

Essas poesias contemporâneas em forma de música traduzem tudo que eu sinto e penso a respeito do mundo.

Renato Russo eterno!

Perfeição
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-lobos, Marcelo Bonfá e Renato Russo


Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer da nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo issoCom festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
Venha, meu coração esta com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição...



Que País é Esse?
Legião Urbana
Composição: Renato Russo


Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Gerais e noNordeste tudo em paz
Somente morto eu descanso, mas osangue anda solto
Manchando papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro mundo, se forPiada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

segunda-feira, julho 24, 2006

A música e a mídia

As bandas que estão na cena independente no Brasil aparecem cada vez mais para o grande público. Agora, a bola da vez é o rock. Depois do pagode, do axé e do funk, o rock ressurge das “cinzas” para os grandes holofotes. Digo cinzas, pois há muito tempo não surgiam grandes nomes na cena, como Franz Ferdinand, The Killers, The Strokes, entre tantos outros.

Essa movimentação começou a acontecer nos Estados Unidos e em países europeus, onde bandas independentes começaram a ser procuradas por grandes gravadoras, atraídas pelo grande público que elas conquistavam em seus shows. O mesmo aconteceu no Brasil. Grandes bandas da cena independente do país como CPM 22, Dead Fish e Hateen saíram dos pequenos palcos para grandes turnês Brasil afora. E foram criticados por isso.
Bandas do underground são consideradas “vendidas” se assinarem contrato com uma grande gravadora. E é aí que me pergunto se isso é bacana pra música brasileira. Bandas como o Dead Fish, tem papel na sociedade, pois fala de política e defendem aquilo em que acreditam. E jovens são influenciados por eles. Eu acredito que uma banda tem o direito de viver daquilo que eles amam fazer, que é a música. E assinar contrato com uma gravadora é isso. Garantir um trabalho bem feito, não que antes não era, mas o trabalho se torna mais profissional.

As bandas que estão na cena independente no Brasil tem relação muito próxima com seus fãs, uma afinidade muito grande. Esses acontecimentos podem se tornar uma arma, contra as coisas banais e as porcarias que foram jogadas pela mídia para a sociedade, basta citar Tati Quebra-barraco, MC Serginho, entre tantos outros, que só denegriram a imagem da música brasileira. Sou a favor das bandas independentes que assinam contrato com uma gravadora e lutam por um trabalho melhor. Apenas sou contra bandas que modificam sua postura na composição e no palco devido a intermediações da própria gravadora, apenas com o intuito de vender mais. O Dead Fish é um grande exemplo de banda que saiu do underground e continuou com a mesma postura dentro e fora dos palcos. E o melhor de tudo: eles compõem em português. Muitas bandas novas estão começando uma carreira e compondo em inglês. Que moda é essa? Renato Russo já reclamava dez anos atrás a respeito disso. Banda brasileira deve compor em português. Ou você já viu alguma banda norte-americana ou inglesa compondo em português. A música é uma das maiores formas de expressão da cultura de um povo. Já ouvi dizer, que músicos compõem em inglês, pois o ritmo e o estilo da música são americanos, sendo assim, não seria possível adaptar o ritmo da música com letras em português. Pode até ser que isso seja verdade. Mas acharia muito mais legal ver um compositor se esforçar para criar uma música em português, do que ouvir uma gritaria sem fim e não entender quase nada. Seria um processo de adaptação difícil, talvez, mas não impossível.
Admito que o Sepultura jamais seria conhecido se escrevessem suas músicas em português. Mas, o objetivo da banda sempre foi o exterior, portanto, músicas em inglês, era o caminho óbvio.

E porque o Rock está em tanta evidência? Porque o bom e velho rock’n roll nunca perdeu a alma revoltada e questionadora. Nos tempos de hoje, o rock expressa toda a revolta e repúdio diante dos acontecimentos no mundo. É através da agressividade das guitarras, do som pesado da bateria e do baixo que fazem do rock um imortal. E lógico interessada nas $$$$, a mídia coloca cada vez mais em evidência bandas como U2, Pearl Jam (que exercem papel social e político), Neil Young, entre tantos outros. Além dessas, as novas Fall Out Boy, Panic! Ate the Disco, e os mais velhos também como Rolling Stones, Creedence, e os imortais Elvis Presley, Beatles e Janis Joplin.

Para fechar, acredito que cada um tem o direito de fazer o quer. Essa história de censura não funciona em lugar nenhum. E ser intransigente e generalizar tudo e a todos também não é benéfico para ninguém.

Radicalismo pior ainda.

Viva as diferenças!

See Ya! ;)

domingo, julho 23, 2006

“Mãe, no céu tem comida?”

Essas foram as últimas palavras de mais um garoto que passa fome no sertão nordestino.
Para algumas pessoas essa frase funciona como uma facada no peito, tamanha a dor que causa ao coração. Mas para outros, não faz diferença alguma, pois, o sofrimento alheio não toca o coração.
Essa notícia foi veiculada na Rádio Globo no programa de Laércio Maciel, na manhã de sexta-feira. Minha mãe é ouvinte desse programa, e ficou aos prantos quando ouviu essa história. O garoto, nos braços de sua mãe, agonizando porque não tinha o que comer, perguntou à mãe se no céu teria comida. E logo em seguida, faleceu. Mais um cidadão brasileiro que morreu de fome em um país de terras abundantes, solo fértil e com mãos pra plantar.
É revoltante ouvir uma notícia dessa e logo em seguida, ser informada de que o nosso Excelentíssimo Senhor Presidente da República se diz consternado com a situação da Indonésia. A situação do país é complicada sim, e merece ajuda de todas as nações. Mas acredito que em primeiro lugar, o Senhor Presidente deveria cuidar do nosso país, do nosso povo sofredor, que não tem trabalho, não tem acesso a saúde, educação e alimentação.
Eu chorei e fiquei alguns minutos pensando, imobilizada. Não consegui acreditar que aquilo era verdade. Meu coração ficou partido. E logo agradeci a Deus por estar viva e ter a oportunidade de me alimentar 3 vezes ao dia e muito mais.
Aonde pretendemos chegar com tudo isso? Com essa ganância de poder, dinheiro e status? O final que eu vejo é a morte. É o fim dos tempos. A raça humana está se matando. Não seremos abolidos do planeta por conta de intervenções divinas ou malignas. E sim por nossas próprias ações. Começa pela destruição do meio ambiente, pela exploração insustentável de bens naturais, como água, petróleo, madeira, entre tantos outros. Aliado a isso, destruição de famílias para conquistar mais dinheiro e poder. Para se alcançar o objetivo, vale até matar os próprios pais, como Suzane Richthofen.
Desde criança eu tento entender porque o dinheiro é tão importante e qual a razão para tanto egoísmo. Até agora, não cheguei a nenhuma conclusão. E acredito que morrerei com isso em minha mente.
Eu gostaria de ter esperança de que um dia tudo isso vai acabar. Que as pessoas se amaram e viveram em paz, respeitando-se e admirando as diferenças de cada um. Que viveremos em um mundo alegre e harmonia. Mas sei que isso não será possível, pois, o dinheiro tornou-se uma arma mortal, infalível para destruir tudo e qualquer coisa. Mas acredito no amor de Deus. Que ele protege e ilumina as pessoas de bem. E que o bem sempre vencerá o mal. Até o fim. Até a morte.
O amor vale muito mais